Wednesday, April 6, 2011

Depois dum breve interregno...

Este blog, parece ter-se deixado aturdir com o despertar da primavera e mergulhado no sonho de tanto voo, tanto salpico de cor nos campos, tanta luz. Na verdade, as nossas sessões semanais tiveram algumas interrupções e as participações nem sempre têm sido tão regulares.
Mas a verve criativa continua a fervilhar, e, no nosso último encontro, fomos presenteados com dois textos saborosos.

Ei-los! Deliciem-se!

Friday, March 28, 2008

A minha rua tem o mar ao fundo, António Maria Pereira

Não sei se o poema é absolutamente fiel ao original. Encontrei-o por aí...
Mas nenhum melhor que ele fala da minha alma algarvia.

"A minha rua tem o mar ao fundo", de António Pereira
Sou algarvio
E a minha rua tem o mar ao fundo
Sempre que passa aqui algum navio
Passam, aqui, navios de todo o mundo
Oiço a voz que me namora
Da outra banda do mar…
Que me namora e me chama
Da outra banda do mundo
E se eu abalasse mãe?
E se eu abalasse e nunca mais voltasse?
Choravas, sim, eu sei bem
Posso não ser filho às vezes
Mas tu és mãe, sempre, mãe!
Se não fosse a minha mãe,
Se não fossem os meus,
Adeus aldeia, adeus praia,
Adeus gaivotas, adeus.
E eu vou ficando, não chores
Aqui, nesta aldeia do Algarve onde nasci,
Nesta rua que tem o mar ao fundo,
Onde nasceram meus pais,
E nasceram e morreram antepassados que não conheci;
Aqui há um poder maior
Que pode mais que aquela voz que me chama da outra banda do mar,
Que me namora uma chama da outra banda do mundo.